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I REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
Século XVIII e XIX / Europa
! O crescimento populacional e a queda da fertilidade
dos solos utilizados após anos de sucessivas culturas
no continente europeu, causaram, entre outros
problemas, a escassez de alimentos. Nesse sentido,
por volta dos séculos XVII e XIX, intensifica-se a
adopção de sistemas de rotação de culturas com
plantas forrageiras (capim e leguminosas) e as
actividades de pecuária e agricultura se integram.
Esta fase é conhecida como Primeira Revolução
Agrícola.
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! Em 1848, quando o high farming do sul da Inglaterra,
a fazenda com mão-de-obra assalariada e
administrada em moldes empresariais, parecia
despontar como único modelo de organização do
trabalho e da produção rural nos países pelos quais se
difundia o modo de produção capitalista, a população
mundial ainda estava concentrada no campo, até
mesmo na Europa.
! Na Inglaterra. berço da Revolução Industrial,
primeiro país a ter uma economia fabril, o número de
moradores das cidades permanecia ligeiramente
inferior ao dos residentes das áreas rurais. Com
excepção da França, Bélgica, Saxónia e Prússia, na
Europa, e dos Estados Unidos, pouco mais de 10% da
população mundial vivia em cidades com 10 mil ou mais
habitantes.
! Na segunda metade da década de 1870, a situação
havia se modificado substancialmente mas, salvo
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poucos casos, a população rural era bem mais
numerosa do que a urbana. A maior parte da
humanidade ainda dependia do que acontecesse na
terra e com a terra. E o que aconteceu, desde a
primeira metade do século XIX, foi um processo
acelerado de inovações tecnológicas e transformações
económicas e sociais que configuraram, em seu
conjunto, uma revolução agrária, que trouxe enormes
avanços para afastar o perigo da fome em massa.
! Novas tecnologias e novos métodos produtivos
permitiram obter alimentos abundantes e de baixo
custo para alimentar as massas populacionais e de
trabalhadores dos centros urbanos em expansão. No
princípio, quem produziu esses alimentos foi o grande
proprietário ou empresário rural da Inglaterra, à
frente do high fanning - mas ele o fez numa situação
conjuntural bem específica.
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! Em outros países, esse papel foi desempenhado desde
o início pelo agricultor familiar. Uma parte crescente
da agricultura nos diversos países passou a ter como
ponto comum a sujeição à economia industrial mundial.
Suas demandas multiplicaram o mercado comercial
para produtos agrícolas - na maior parte alimentos e
matérias-primas para a indústria têxtil, além de alguns
produtos industriais de menor importância -, tanto
internamente, graças ao rápido crescimento das
cidades, como em âmbito internacional.
! O desenvolvimento tecnológico, por meio da ferrovia e
do vapor, tornou possível aproximar efectivamente da
esfera do mercado mundial regiões antes inacessíveis.
! Durante esse período, vemos o enorme crescimento do
comércio dos produtores rurais, da extensão das
áreas sob uso agrícola e, pelo menos nos países
afectados pelo desenvolvimento capitalista mundial, de
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uma grande "fuga de pessoas da terra". Esse processo
tornou-se particularmente maciço entre 1850 e 1875,
um período de prosperidade nos quais se concentrou
boa parte das transformações da revolução agrícola.
! Graças ao emprego de novas tecnologias, as planícies
do centro dos Estados Unidos e do sudoeste russo,
áreas originalmente inacessíveis à produção para o
mercado externo, ganharam enorme participação no
comércio internacional.
! Simultaneamente, encontramos as primeiras
tentativas para desenvolver algumas áreas de além mar
por meio da produção especializada em produtos
para o mundo "desenvolvido". O índigo e a juta em
Bengala. o tabaco na Colômbia e o café no Brasil e na
Venezuela, por exemplo, substituíam ou
suplementavam produtos de exportação tradicional,
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como o açúcar do Brasil e do Caribe, que estava em
declínio.
! . Esse modelo de agricultura de mercado mundial não
chegou a se estabelecer definitivamente até o período
de economia imperialista de 1870 a 1930. Produtos de
rápida expansão entravam em alta e caíam; as áreas
que forneciam o grosso dessas exportações nesse
período mais tarde entrariam em estagnação ou
seriam abandonadas. Assim, se o Brasil já era o maior
produtor mundial de café, o estado de São Paulo,
identificado com esse produto no século XX, colhera
apenas o equivalente a uma quarta parte da produção
do Rio de Janeiro e a uma quinta parte de todo o país.
! A agricultura mundial cada vez mais se dividia em
duas: uma parcela dominada pelo mercado capitalista
nacional ou internacional e uma outra independente
dele. Isso não significa que nada fosse comprado ou
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vendido no sector independente. menos ainda que os
agricultores fossem auto-suficientes.
! Com o desenvolvimento da Revolução Agrícola, algumas
sociedades foram acumulando inovações tecnológicas
que ampliaram
progressivamente a eficácia produtiva
do trabalho humano, provocando alterações
institucionais nos modos de relação entre os homens
para a produção e nas formas de distribuição dos
produtos do trabalho. Essas sociedades aumentaram o
número de plantas cultivadas, aprimoraram as
qualidades genéticas destas e revolucionaram suas
técnicas agrícolas com a adopção de métodos de
trabalho e de instrumental mais eficazes para o
preparo do solo destinado às lavouras, transporte e
estucagem das safras. Algumas sociedades de
economia pastoril ou mista também alcançaram os
mesmos resultados mediante a selecção genética dos
rebanhos e a especialização do cria tório para obter
animais de montaria e de tracção ou para o provimento
de carne, de leite e de lã.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Revolução Industrial
Termo utilizado por alguns historiadores para designar o conjunto das transformações tecnológicas e industriais que, de forma radical, ocorreu entre cerca de 1730 e 1850 na Inglaterra, alastrando, no decurso do século XIX, ao continente europeu, América do Norte e Japão. A Inglaterra, nação pioneira, passaria, tal como os seus sucedâneos, de um país agrícola a uma sociedade industrializada. Esta expressão traduz também uma evolução em termos de regime de produção, com a passagem da manufactura para a maquinofactura, com todas as suas alterações e avanços técnicos.Porquê a Inglaterra como primeiro país a encetar toda esta transformação? A resposta a esta questão conduz-nos, simultaneamente, à clarificação daquilo que foi a Revolução Industrial. De facto, aquele país reunia um conjunto de condições e factores que possibilitaram o desencadear deste fenómeno. Primeiramente, atravessava uma Revolução Agrícola, de que colhia já os primeiros dividendos. Possuía, por isso, uma agricultura produtora de matérias-primas estratégicas (como lã e linho) e de recursos alimentares, gerando capitais (a sua acumulação criará bases para potenciais investimentos na actividade nascente) e fornecendo à indústria mão-de-obra, que se tornaria excedentária nos campos devido à mecanização. Existia também, neste país, uma tradição manufactureira ligada à lã que, tal como o algodão, a juta e o cânhamo coloniais, contribuía para a diversificação da antiga "indústria" têxtil inglesa. Havia já, portanto, um certo grau de especialização e evolução técnica na mão-de-obra nacional, mentalmente preparada e adaptada a uma evolução mais rápida do seu tecido produtivo (maior quantidade e melhor qualidade, mais rapidez).O vasto império colonial inglês, em fase de expansão (na Oceânia, na Ásia e em África), origem de avultadas somas de dinheiro, era uma fonte abastecedora de matérias-primas (algodão e minerais, por exemplo) e também um mercado potencial para as produções britânicas. A par desta dinâmica produtiva e comercial, activadora da circulação de produtos e capitais, afigurava-se também o mercado europeu como factor de incentivo à produção industrial e agrícola inglesa.Para além daqueles condicionalismos económicos, existiam outros factores de primordial importância para o eclodir da industrialização em Inglaterra. As inovações de carácter técnico e científico - de que se destacam a máquina de cardar de Richard Arkwright, em 1733, a máquina a vapor de James Watt, em 1777, e o tear mecânico de Cartwright, em 1785 - são um desses factores, eles próprios gerando indústria ou possibilitando avanços noutras áreas produtivas. As condições naturais ou geográficas concorreram também na conjugação das condições necessárias para o arranque deste processo em Inglaterra: a existência de carvão (esta primeira fase industrial chamar-se-á mesmo "do carvão") e ferro em abundância no subsolo britânico e de rios (perto das minas) foi uma das bases desta mutação. Bons portos, canais e condições de transporte secundaram as capacidades naturais da Inglaterra no século XVIII, facilitando o escoamento e a circulação de produtos, para além das trocas internacionais ou coloniais. Alguns historiadores referem a Revolução Industrial inglesa como servindo de ponto de partida para uma denominada revolução dos transportes, visível quer na construção de uma rede de canais quer na construção contínua de milhares de quilómetros de caminhos-de-ferro, principalmente no século XIX.O poder político contribuiu, igualmente, para este arranque industrial inglês, através da existência de um regime parlamentarista baseado na nobreza (agrária) e na burguesia (mercantil e manufactureira), ambas extremamente empreendedoras e economicamente activas, potenciais investidoras e interessadas no desenvolvimento industrial da nação. A criação de medidas tendentes a um liberalismo económico dotará a Revolução Industrial de uma base política e legislativa favorável à criação de fábricas e ao estabelecimento de circuitos de produção e distribuição, para além de um proteccionismo e apoio nacionais amplos.Paralelamente à Revolução Industrial - e a ela estreitamente ligada, como causa ou efeito - assiste-se a uma revolução demográfica, assinalada pela descida da taxa de mortalidade e até pelo aumento da natalidade, devido às melhorias nas condições sanitárias e de nível económico das populações, bem como aos avanços científicos. Tudo isto resultará num aumento da população, o que significa um acréscimo de mão-de-obra, necessária à industrialização crescente da Inglaterra. Esta mão-de-obra fixar-se-á principalmente nas regiões industrializadas junto de minas de carvão e ferro, dando origem a povoações que rapidamente se transformarão em cidades ou crescerão em tamanho e importância económica. Newcastle, Manchester, Birmingham, entre outras, são exemplos conhecidos desse fenómeno de urbanização da Grã-Bretanha devido à Revolução Industrial. Porém, todo esse crescimento criará zonas de miséria e degradação urbana, para além de um excedente de mão-de-obra que se traduzirá em desemprego, marginalidade e deterioração das condições de vida nas cidades, nomeadamente nos arrabaldes.A industrialização avançará, no século XIX, para além da Mancha e do Atlântico, conquistando cada vez mais países ao novo regime de produção e a todos os dividendos materiais e políticos que dele advinham. A França (1830-40) será o primeiro país, depois da Inglaterra, a encetar uma Revolução Industrial, seguindo-se os EUA (começam entre 1846 e 1865, mas será após a Guerra da Secessão que conhecerão a pujante industrialização do país, aproveitando as imensas riquezas do subsolo e as potencialidades económicas da nação), a Alemanha (1850), a Suécia (1870), o Japão (1880), a Rússia (1890), o Canadá e a Austrália, a partir de 1900. Estas datas referem-se a momentos em que historicamente se pode comprovar em concreto a existência de um esforço e de uma política nacional de aproveitamento de condições propícias ao desenvolvimento industrial. A economia destes países não mais deixará de depender da indústria e de todas as mutações que ela originou, atingindo todos os domínios de vida: mentalidade, cultura, quotidiano, trabalho...Industrializar significava cada vez mais desenvolver, enriquecer, criar condições e padrões de vida elevados, em oposição aos países que mais tardiamente - ou nunca - enveredaram por uma revolução industrial. Realça-se cada vez mais o fosso entre países ricos e pobres, industrializados e não industrializados. A partir da Revolução Industrial, talvez a mais profunda transformação que jamais afectou a Humanidade desde o Neolítico, as economias nacionais passam a poder, cada vez mais, distribuir ou fornecer bens e serviços (multiplicando-os ininterruptamente até hoje) a um número cada vez maior de pessoas. Fenómeno amplo, gerador de um crescimento irreversível, a Revolução Industrial alterará gradualmente as regras de mercado e de iniciativa individual, as tecnologias, e a atitude do homem perante o trabalho e a economia.
segunda-feira, 10 de março de 2008
Arte do barroco
O Barroco foi um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental, ocorrido desde meados do século XVI até ao século XVIII. Foi inspirado no fervor religioso e na passionalidade da Contra-reforma. Didaticamente falando, o Período Barroco, vai de 1580 a 1756.
O termo Barroco advém da palavra portuguesa homónima que significa "pérola imperfeita", ou por extensão jóia falsa. A palavra foi rapidamente introduzida nas línguas francesa e italiana.
Arte barroca
Embora tenha o Barroco assumido diversas características ao longo de sua história, o seu surgimento está intimamente ligado à Contra-Reforma. A arte barroca procura comover intensamente o espectador. Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cénico, num teatro sacrum onde são encenados os dramas.
O Barroco é o estilo da Reforma católica também denominada de Contra-Reforma. Arquitetura, escultura, pintura, todas as belas artes, serviam de expressão ao Barroco nos territórios onde ele floresceu: a Espanha, a Itália, Portugal, os países católicos do centro da Europa e a América Latina.
O catolicismo barroco também impregnou a literatura, e uma das suas manifestações mais importantes e impressionantes foram os "autos sacramentais", peças teatrais de argumento teológico, reflexo do espírito espanhol do século XVII, e que eram muito apreciados pelo grande público, o que denota o elevado grau de instrução religiosa do povo.
Contrariamente à arte do Renascimento, que pregava o predomínio da razão sobre os sentimentos, no Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas.
Além da temática religiosa, os temas mitológicos e a pintura que exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Nacional Absolutista que se consolidava) também eram freqüentes.
De certa maneira, assistimos a uma retomada do espírito religioso e místico da Idade Média, numa espécie de ressurgimento da visão teocêntrica do mundo. E não é por acaso que a arte barroca nasce em Roma, a capital do catolicismo.
A escola literária barroca é marcada pela presença constante da dualidade. Antropocentrismo versus teocentrismo, céu versus inferno, entre outras constantes.
Contudo, não há como colocar o Barroco simplesmente como uma retomada do fervor cristão. A sua grande diferença do período medieval é que agora o homem, depois do Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem seu valor - com exemplos em estudos de anatomia e avanços científicos o homem deixa de colocar tudo nas mãos de Deus.
O Barroco caracteriza-se, portanto, num período de dualidades; num eterno jogo de poderes entre divino e humano, no qual não há mais certezas. A dúvida é que rege a arte deste período. E nas emoções o artista vê uma ponte entre os dois mundos, assim, tenta desvenda-las nas suas representações.
Embora tenha o Barroco assumido diversas características ao longo de sua história, o seu surgimento está intimamente ligado à Contra-Reforma. A arte barroca procura comover intensamente o espectador. Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cénico, num teatro sacrum onde são encenados os dramas.
O Barroco é o estilo da Reforma católica também denominada de Contra-Reforma. Arquitetura, escultura, pintura, todas as belas artes, serviam de expressão ao Barroco nos territórios onde ele floresceu: a Espanha, a Itália, Portugal, os países católicos do centro da Europa e a América Latina.
O catolicismo barroco também impregnou a literatura, e uma das suas manifestações mais importantes e impressionantes foram os "autos sacramentais", peças teatrais de argumento teológico, reflexo do espírito espanhol do século XVII, e que eram muito apreciados pelo grande público, o que denota o elevado grau de instrução religiosa do povo.
Contrariamente à arte do Renascimento, que pregava o predomínio da razão sobre os sentimentos, no Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas.
Além da temática religiosa, os temas mitológicos e a pintura que exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Nacional Absolutista que se consolidava) também eram freqüentes.
De certa maneira, assistimos a uma retomada do espírito religioso e místico da Idade Média, numa espécie de ressurgimento da visão teocêntrica do mundo. E não é por acaso que a arte barroca nasce em Roma, a capital do catolicismo.
A escola literária barroca é marcada pela presença constante da dualidade. Antropocentrismo versus teocentrismo, céu versus inferno, entre outras constantes.
Contudo, não há como colocar o Barroco simplesmente como uma retomada do fervor cristão. A sua grande diferença do período medieval é que agora o homem, depois do Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem seu valor - com exemplos em estudos de anatomia e avanços científicos o homem deixa de colocar tudo nas mãos de Deus.
O Barroco caracteriza-se, portanto, num período de dualidades; num eterno jogo de poderes entre divino e humano, no qual não há mais certezas. A dúvida é que rege a arte deste período. E nas emoções o artista vê uma ponte entre os dois mundos, assim, tenta desvenda-las nas suas representações.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
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